Plínio de Arruda Sampaio, Presente!

Em tempos de "orfandade ideológica", carência de heróis e exaltação de canastrões de paletós e togas me debruço sobre minhas memórias, em busca daquel@s que influenciaram meu Ser. Primeira saudação é claro para meus genitores João e Aurora, gratidão e amor eterno! Depois vieram muitas outras e outros tantos. (Uma meia duzia ainda gozam de vida, que faço votos seja longa, para que eu possa homenageá-l@s em tempo) àquel@s que já partiram oportunamente reverenciarei suas memorias. Hoje minha saudade tem endereço certo, data e nome: Plínio de Arruda Sampaio, Presente! 

Eu ainda era menina, quando pela primeira vez ouvi falar de você!
Numa cartilha de orientação às CEBs (Comunidade Eclesial de Base)
Lida a luz de lamparina pelo meu pai João
Rezador de terço e animador da comunidade rural
Lá se vão mais de 36 anos
Era início da década de 80
Estávamos prestes a perder "o arrendamento das terras"
Da quão tirávamos o sustento
Junto com Plínio de Arruda Sampaio, ouvi naquela noite (de inverno eu acho)
Pela primeira vez as palavras; Latifúndio e Sem-Terra"
Tão antagônicas, tempo depois entendi!
Chorei quando vi que os olhos do meu pai suavam
Os adultos (homens) falavam baixo (Eu escutava de xereta que era)
E antes que viesse a constituinte
Vieram os canaviais
Derrubaram as colônias 
Mandaram o pau-de-arara
E João e Aurora e seus 6 filhos menores caíram na estrada
As duas mais velhas  partiram antes
(adolescente foram mandadas  para trabalhar em São Paulo)
Na cidade grande não sabíamos onde tinha comunidade
Mas tinha um furdunço danado...
Um mundaréu de gente gritando por Diretas Já!
Eu não entendia quase nada, mas quando vi a Praça da Sé tomada
Me senti Migrante, Sem-Terra, Vítima dos Latifundiários!
Eu quis gritar aquela dor que me sufocava a alma
Mas sorri quando ouvi que um tal de Plínio nos representava!
Assim te segui os passos...
Na Brasilândia ganhei anos depois de ti um fraterno abraço
E não disponde mais de talento para encaixar num poeminha de rimas quebradas
Tantos feitos, te digo obrigada irmão, pastor, camarada!

Tal atual, que parece que foi escrito ontem, pós golpe institucionalizado! Recomendo a Leitura: O BRASIL PODE DAR CERTO: Plínio de Arruda Sampaio



"A NAÇÃO TEM HONRA? A SOCIEDADE BRASILEIRA TEM CORAÇÃO? ... "Quando se olha para a corrupção; para a falência da justiça; par a desmoralização do legislativo; para a covardia daqueles empresários que preferem aplicar seus dinheiro nos ´paraísos financeiros´ do que investir no Brasil; para o corporativismo dos que buscam direitos e privilégios sem cuidar dos deveres; para a imoralidade da televisão, que não se envergonha de aumentar seu faturamento deplorando a miséria humana, a tendência é responder negativamente a essas angustiantes perguntas. Mas quando olhamos para as Diretas-Já; para a Participação Popular na Constituinte; para o Movimento pela Ética na Política; para a campanha do impeachment de Collor, e para a Ação da Cidadania contra a Fome e pela Vida, vemos que existe um outro Brasil: o Brasil da honra, da solidariedade, do sentimento cristão, da unidade, da autonomia, independência. Qual deles prevalecerá? (Plínio, 1994)

Uma breve biografia: Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014)

Plínio Soares de Arruda Sampaio, uma das figuras mais interessantes da política brasileira, morreu ontem. Candidato à presidência pelo PSOL em 2010, trouxe alguns dos questionamentos mais interessantes ao debate, sobretudo no que diz respeito ao aprofundamento da reforma agrária, a qual Plínio defende há muito anos.

Plínio foi formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1954. Militou desde a época da universidade. Posteriormente, foi promotor público, deputado federal constituinte e presidiu a Associação Brasileira de Reforma Agrária.

Durante o governo de Carvalho Pinto do estado de São Paulo, Plínio foi indicado para a subchefia da casa civil. Em 1959, um ano após a eleição do governador, Plínio se tornou coordenador do plano de ação do governo. Em 1962, se tornou secretário de negócios jurídicos na mesma administração.

No mesmo ano, foi eleito deputado federal e tornou-se membro das comissões de economia, de política agrícola e de legislação social na câmara.

Principal liderança da ala esquerda do PDC, foi relator do projeto de reforma agrária, que integrava as reformas de base do governo João Goulart. Criou a Comissão Especial de Reforma Agrária e propôs um modelo que despertou a indignação dos grandes latifundiários do Brasil.

Após o golpe de 1964, foi um dos primeiros brasileiros a terem seus direitos políticos cassados. Exilou-se no Chile por seis anos e, em 1970, se mudou para os EUA. Lá, fez mestrado em economia agrícola.

Plínio voltou ao Brasil em 1976 para ser professor na FGV. Perto desse período, ajudou a conceber um novo partido que estaria à esquerda do MDB. Esse partido se chamaria PSDP (Partido Socialista Democrático Popular) se tivesse de fato sido fundado, e a semelhança com o nome do PSDB, que apareceria muitos anos depois não é coincidência: o ex presidente Fernando Henrique Cardoso foi um desses idealizadores também.

Plínio, então, passa a trabalhar na ideia de outro partido de esquerda junto a outras lideranças, e, com o fim do bipartidarismo em 1980, co-funda o PT – Plínio foi o autor do estatuto do partido e um dos idealizadores do seus núcleos de base.

Em 1982, candidatou-se a deputado federal por São Paulo, tornando-se primeiro suplente. Posteriormente viria a ocupar o cargo, quando o deputado Eduardo Suplicy se afastou do parlamento para disputar a prefeitura de São Paulo.

Depois de participar da campanha pelas “diretas já”, Plínio foi eleito deputado federal em 1986. Participou da elaboração da Constituição Federal de 1988, e ficou famoso ao propor um modelo constitucional de reforma agrária, que visava a acabar com os latifúndios.

Em 1988, disputou as prévias para a prefeitura de São Paulo, derrotado por Luiza Erundina, que venceu as eleições. Em 1990, se candidatou a governador de São Paulo, sem sucesso.

Em 2005, Plínio deixou o PT, alegadamente por diferenças de visões. Foi no auge da crise do “mensalão” e ingressou no PSOL. Em 2010, foi candidato à presidência – um candidato despretensioso que talvez por isso mesmo tenha trazido tanta luz aos debates.

Em 2013, aos 82 anos, foi entusiasta notório das jornadas de junho. Morreu um ano depois em São Paulo, vítima de uma pneumonia causada pela fragilidade imposta pela luta contra um câncer ósseo.

Confira Biografia:http://www.diariodocentrodomundo.com.br/80084/

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