Namastê: A criança que habita em mim, saúda a criança que habita em você!


"Feliz dia das crianças
Que a Mãe Aparecida
Nos guarde de todo o mal. Amém!"
Doce nostalgia!
Saudades da Aurora da minha vida ... Minha mãe querida!
Oh que saudades que tenho dos meus oito anos!
Ah que saudades dos meus sete irmãos!
Éramos oito os filhos de Aurora e João!
Nascidos na roça, em meio à pequenas plantações
Correndo pelos pastos verdes
Tomando banho de rio
Pescando lambaris de peneira
Colhendo algodão, amendoim e feijão...
Saudades meu pai João!

Saudades de mim menina
Lúcia nada travessa
Saúde frágil, pequenina e magrela
Porém, de língua afiada
Matraca, tagarela, papagaio...
Xereta, bidu, especula de rodinha...
Ah que saudades dos pitos da minha avó
___ Coisa feia menina pequena perguntadeira!
Saudades da vizinha parteira, benzedeira...
Dona Milu, mãe negra que me defendia e profetizava
___ Eita bichinha sabida! Isso vai se professora!

Ah!
Meus paradoxos e reticencias!
Pedindo licença poética
Parafraseando Casimiro de Abreu
Ah que saudades que tenho...
"Da minha infância querida que os anos não trazem mais!"
O Dinheiro era curto
Os brinquedos a gente mesmo fazia
Bola de meia
Jogo de taco
Boneca de milho 
(de cabelos coloridos)
Não tínhamos máquina fotográfica
As imagens ficavam guardadas na cachola!
Para homenagear aqueles dias
Minha infância querida
Compartilho minha primeira boneca
E o Poema que é obra da arte!


Meus oito anos (Casimiro de Abreu)

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus —
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Feliz dia das crianças
Que a Mãe Aparecida
Nos guarde de todo o mal! 















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