Miniconto: A esperança cura


Acreditou como a Bispa
Mariann Edgar Budde*
Que a Misericordia é a cura
Elevou sua mão em prece
Regou a messe com seu esperançar freiriano**
E seguiu acreditando na canção de Lulu Santos!



"Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã, não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso, não nos custa insistir
Na questão do desejo, não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça, então, experimentará
Para todo mal, a cura

Existirá
Em todo porto se hasteará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã, não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso, não nos custa insistir
Na questão do desejo, não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça, então, experimentará
Para todo mal, a cura

Enquanto isso, não nos custa insistir
Na questão do desejo, não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça, então, experimentará
Para todo mal, a cura"

Lulu Santos.

*Mariann Edgar Budde, de 65 anos, é bispa episcopal de Washington. Nessa condição, ela pediu por misericordia em nome de Deus, numa celebração inter-religiosa na Catedral Nacional de Washington na posse do presidente dos EUA. "Peço que tenha misericórdia, senhor presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora. E que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras a encontrar compaixão e boas-vindas aqui. Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra."

**Paulo Freire: Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido.
“ Não sou esperançoso por pura teimosia, mas por imperativo existencial e histórico.
Não quero dizer, porém, que, porque esperançoso, atribuo à minha esperança o poder de transformar a realidade e, assim, convencido, parto para o embate sem levar em consideração os dados concretos, materiais, afirmando que minha esperança basta. Minha esperança é necessária mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da esperança crítica, como o peixe necessita de água despoluída.

Pensar que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas, prescindir da esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se pudesse reduzir a atos calculados apenas, à pura cientificidade, é frívola ilusão. Prescindir da esperança que se funda também na verdade como qualidade ética da luta é negar a ela um dos seus suportes fundamentais. O essencial, como digo mais adiante no corpo desta Pedagogia da esperança, é que ela, enquanto necessidade ontológica, precisa de ancorar-se na prática. Enquanto necessidade ontológica a esperança precisa da prática para tornar-se concretude histórica. É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se espera pura, que vira, assim, espera vã.”



Lúcia Peixoto,
Graduada em Ciências da Religião,
Licenciada e Pós graduada em Ensino da Filosofia e História,
Pós graduanda em Arteterapia.
Filosófa, Poeta,Novelista e Artesã

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