HORAS PARA GASTAR: O tempo do "Eu Lispector"!
“Só às vezes piso com os dois pés na terra do presente, em geral um pé resvala para o passado, outro pé resvala para o futuro. E fico sem nada.”
CLARICE LISPECTOR
Ah! as coisinhas que guardo...
Coisinhas do século passado...
Coisinhas da pós modernidade...
Reticência e idiossincrasias!
Nesse não contar do tempo, há dias que me basto, outros me sinto meio esvaziada, nos de Avestruz, deixo minha cabeça descansar nos buracos que minhas pegadas fazem na terra. Nos de Águia, ruflo minhas asas com majestade.
Em verso e prosa vou filosofando, quebrando rimas e poetizando a concretude da vida que se faz na abstração do passar do tempo. Parafraseando Lispector, só ás vezes piso no chão com os dois pés no presente, um pé meu, sempre brinca no passado enquanto o outro pé se aventura no futuro, (de pernas para o alto, cabeça no mundo da lua) me equilibro na corda imaginária, sob o nada a gastar minhas horas.
"Eu mesma me surpreendo ao perceber quantas horas por ano tenho para gastar.
Capacito-me de que na realidade tenho mais tempo do que penso – e isso significa que vivo mais do que imaginei. Isso se fizermos as contas das horas do dia, da semana, do mês, do ano. Quem fez o cálculo foi um inglês, não sei seu nome.
Um ano tem 365 dias – ou seja, 8.760 horas. Não é enganoso não, são oito mil setecentas e sessenta horas.
Deduzam-se oito horas por dia de sono. Agora deduzam-se cinco dias de trabalho por semana, a oito horas por dia, durante 49 semanas (descontando, digamos, um mínimo de duas semanas de férias, e mais uns sete dias de feriado).
Deduza duas horas diárias empregadas em condução, para quem mora longe do local de trabalho.
Nessa base sobram-lhe 1.930 horas por ano. Mil novecentas e trinta horas para se fazer o que se quiser, ou puder. A vida é mais longa do que a fazemos. Cada instante conta."
18 de Novembro de 1972
(Jornal do Brasil)
In “Todas as crónicas”
Clarice Lispector
(1920-1977)
Brasil
Em verso e prosa vou filosofando, quebrando rimas e poetizando a concretude da vida que se faz na abstração do passar do tempo. Parafraseando Lispector, só ás vezes piso no chão com os dois pés no presente, um pé meu, sempre brinca no passado enquanto o outro pé se aventura no futuro, (de pernas para o alto, cabeça no mundo da lua) me equilibro na corda imaginária, sob o nada a gastar minhas horas.
"Eu mesma me surpreendo ao perceber quantas horas por ano tenho para gastar.
Capacito-me de que na realidade tenho mais tempo do que penso – e isso significa que vivo mais do que imaginei. Isso se fizermos as contas das horas do dia, da semana, do mês, do ano. Quem fez o cálculo foi um inglês, não sei seu nome.
Um ano tem 365 dias – ou seja, 8.760 horas. Não é enganoso não, são oito mil setecentas e sessenta horas.
Deduzam-se oito horas por dia de sono. Agora deduzam-se cinco dias de trabalho por semana, a oito horas por dia, durante 49 semanas (descontando, digamos, um mínimo de duas semanas de férias, e mais uns sete dias de feriado).
Deduza duas horas diárias empregadas em condução, para quem mora longe do local de trabalho.
Nessa base sobram-lhe 1.930 horas por ano. Mil novecentas e trinta horas para se fazer o que se quiser, ou puder. A vida é mais longa do que a fazemos. Cada instante conta."
18 de Novembro de 1972
(Jornal do Brasil)
In “Todas as crónicas”
Clarice Lispector
(1920-1977)
Brasil
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