Escrevivência: Lúcia Peixoto

Acordou
Saboreou o café amargo
Esquentou o pão na frigideira
Sorriu
Revisitando suas escrevivências!

"Numa manhã de outrora
O café estava doce
O pão fresco
A vida amarga e mofada!".

Em dias como aqueles
Silenciava
Ouvindo na memória 
A voz calma da poeta.

"Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas.

Quando meu olhar
se perder no nada,
por favor,
não me despertem,
quero reter,
no adentro da íris,
a menor sombra,
do ínfimo movimento.

Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra."





Comentários

Postagens mais visitadas