NASCEU PRA SEMEAR: Poema de Antônio Salvador Coelho (aos 100 anos de Paulo Freire)



NASCEU PRA SEMEAR
(aos 100 anos de Paulo Freire)
Poema de Antônio Salvador Coelho

Vou contar pra essa gente
Primavera vem chegando
E o povo está contente
Pois na terra vai brotando
Tudo quanto era semente.

Nasce bicho, nasce planta
Brota aquela esperança
Por isso é que a gente canta
Roda, sonha, brinca e dança
Deixa a dor e se levanta.

Foi assim que aqui surgiu
Um menino nos nasceu
Deu um choro e até sorriu
Bem pequeno apareceu
Esse gênio do Brasil.

Paulo Freire veio assim
Corajoso e lutador
Disse não e disse sim
Quis viver com muito amor
Do começo até o fim.

Descobriu na educação
Um lugar especial
Pôs ali seu coração
Pensou tudo dialogal
Propagou transformação.

Começou com quem ficou
Sem estudo em tempo certo
A injustiça ele mostrou
É preciso olhar de perto
O Direito, quem tirou?

Paulo Freire foi a fundo
No interior do Ceará
Começou no fim do mundo
Roça, enxada, seca e pá.
Povo simples mais profundo.

Camponesas e roceiros
Logo foram se achegando
Se sentiram companheiros
Seus bloqueios superando
Gente! cidadãos inteiros.

Ensinou a interpretar
Ver além das aparências
A cultura popular
Acordando consciências
Para o mundo transformar.

Pobre toma o seu lugar
Moradia, terra, escola
Aprendendo o que é lutar
Isso não é mais esmola
É direito a conquistar.

Fico pois admirado
Um menino aqui nascido
Num lugar apequenado
Foi tornar-se tão querido
Seu saber tão desejado.

Tendo fé na sua gente
Na cultura popular
Paulo Freire foi em frente
O que é justo foi buscar
E deixou sua semente

Com toda essa inspiração
Semeou sabedoria
Fez com muita emoção
Com paixão e alegria
Ampliou seu coração.

Não ficou só no ‘talvez’
Rastejar, ninguém merece
Educar é com altivez
Uma coisa que enobrece
É semear como ele fez

Gente simples levantou
Semeou esta esperança
Esse jeito se espalhou
Livro e vida em aliança
Tudo revolucionou.

Os seus livros semeados
Se alastraram mundo afora
Em 20 línguas publicados
Seus escritos são agora
Pelos sábios estudados

E agora é a vez da gente
Com saber e com ternura
Educar é mais que urgente
Lucidez, beleza pura
E mãos cheias de sementes.




Gratidão ao Mestre Paulo Freire por seu legado, gratidão ao Mestre Salvador pela semeadura!
Lúcia Peixoto
 Filósofa, Professora de Filosofia, 
Poeta, Artesã, Bacharel em Ciências da Religião, 
Licenciada e Pós Graduada em Filosofia, 
Cursando História.


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