Projeto cinquenta e uns... boas ideias (Em gestação)
"Não passe por aqui sem deixar uma ideia"
Lúcia Peixoto
PROJETO OFICINA: Cinquenta e uns… boas ideias
Segunda feira, 17 de março de 2025, por volta das 17 horas, saída do Hospital do Servidor Público, aplicativo da Uber localizando um motorista parceiro… 20 minutos de espera, 117,00 reais a menos no bolso, perspectiva de chegar em casa, em segurança em 1h50.Me acomodei no banco traseiro retribuindo a saudação do motorista, homem moreno simpático, falante… em minutos eu soube, que tinha 50 anos, que era solteiro, sem filhos, morador de Sorocaba, crítico das políticas voltadas à defesa dos Direitos Humanos. Sentimento distópico (em partes compartilhados) em relação ao futuro da humanidade.
Sem muito rodeio quis saber minha idade; (54) profissão; (professora) Se era servidora pública, se estava em consulta; (sim) e foi logo aconselhando.
- Tem que cuidar, depois dos 50 começa a dar defeito mesmo, se não é o corpo e com a cabeça.
Fazendo uma analogia ao automóvel (objeto do qual pareceu grande conhecedor) afirmou:
- Gente é pior que carro, carro pelo menos quando dá problema a gente leva na oficina e troca a peça avariada”.
O tema da conversa deveu-se estar eu saindo de uma consulta no Hospital do Servidor Público, quis ele saber respeitosamente “Qual a peça estava dando problema”, embora não me sentisse muito à vontade para falar sobre meus problemas de saúde, o tráfego carregado às 17h45 de uma segunda feira na região da Aclimação em São Paulo e a simpatia do motorista com o qual eu deveria passar no mínimo uma hora e meia até chegar em Caieiras município onde resido, me encorajaram, contei que estava com um “cisto pélvico”, (uma bolsa de água) aproveitando a analogia, expliquei tratar-se de “excesso de água no motor”. Ele ficou em silêncio por alguns instantes e sentenciou.
- Muita água no motor pode causar danos graves, como superaquecimento, fusão de peças e problemas de ignição.
Não estivesse eu, tão preocupada com a gravidade do cisto volumoso e a morosidade dos procedimento no sucateado Hospital do Servidor Público (Oficina a qual sou há anos conveniada obrigatoriamente, com mensalidades descontadas no meio parco salário de professora), teria achado graça do rumo daquela prosa. Percebendo que ele me observa pelo espelho retrovisor, esboçei um sorriso, (meio forçado) informando que segundo a revisão feita pela equipe médica as peças essenciais para o funcionamento da máquina (meu corpo pós balzaquiano) de mais de meio século de uso estavam em bom estado. Para encerrar o assunto voltei minha atenção aleatoriamente para o celular, (sem sinal, para variar)
Depois de um longo silêncio, e alguns metros avançados, ainda na Avenida do Estado, ele lastimou o trânsito, voltou a contemplar meu semblante cansado e achou por bem me distrair tagarelando sobre os “franelinhas”. (rapazes com aspecto deplorável, certamente moradores de rua, viciados em drogas) Estendeu uma nota de dois reais implorando para que ele não manchasse seu parabrisa. Sem sucesso lastimou a situação de desigualdade.
- Tanta gente na rua, dependentes de droga em meio a tanta riqueza dos bairros nobres, a polícia não faz nada, os políticos só pensam em roubar… só Deus por nós!”
Respirei fundo, e repeti
- Só Deus!
Um curto silêncio dessa vez quebrado por mim. Comentei sobre o trânsito, especulei se havia previsão de chuvas e seguimos falando sobre os estragos das últimas chuvas, as árvores caídas, o trânsito… até que ele voltou ao assunto inicial.
É senhora, carro quando dá problema e sempre dá problema a gente leva para a oficina, e a gente? quando dá problema? se não é funcionário público, não tem dinheiro, se socorrer onde? ainda mais depois dos 50, não tem oficina para socorrer não!”
Fiquei sem resposta.
Chegamos ao meu destino. Ele se preparou para aceitar a próxima corrida, eu fiquei matutando. “Depois dos 50 se a gente der “defeito” não tem onde se socorrer”.
Chegamos ao meu destino. Ele se preparou para aceitar a próxima corrida, eu fiquei matutando. “Depois dos 50 se a gente der “defeito” não tem onde se socorrer”.
Sem saber o simpático e indignado motorista sorocabano se foi me deixando prenha do projeto que hora batizo de Oficina: Cinquenta e uns… boas ideias. Um lugar para manutenção de corpos e mentes “escangalhados” pelas jornadas da vida.

Se você leu até aqui, faça um comentário, sugestão, crítica constrututiva para fortalecer este embrião em gestação. Lúcia Peixoto - 11 968380630
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Graduada em Ciências da Religião,
Licenciada e Pós graduada em Ensino da Filosofia e História,
Pós graduanda em Arteterapia.
Filósofa, Poeta, Novelista e Artesã
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