"Enquanto a questão negra não for assumida pela sociedade brasileira como um todo: negros, brancos e nós todos juntos refletirmos, avaliarmos, desenvolvermos uma práxis de conscientização da questão da discriminação racial neste país, vai ser muito difícil no Brasil, chegar ao ponto de efetivamente ser uma democracia racial."
Lélia Gonzalez, professora e filósofa brasileira, militante do movimento negro e do feminismo negro, produtora de relevante obra que, ao abordar as raízes da desigualdade social, política e econômica que atinge a população negra, fundamenta o enfrentamento e a resistência aos efeitos desta desigualdade.
Lélia Gonzalez nasce em uma família de poucos recursos financeiros, sua mãe teve dezoito filhos, sendo Gonzalez a décima sétima criança. A mãe, de origem indígena e o pai, de origem negra, trabalhavam para sustentar a família, a mãe como empregada doméstica e o pai como ferroviário.
Em 1942, a família muda-se para o Rio de Janeiro, indo morar na Favela do Pinto, localizada no bairro do Leblon. Tal mudança ocorre devido ao primogênito, Jaime de Almeida, ser jogador do Flamengo (renomado time de futebol do Rio de Janeiro).
Lélia Gonzalez começa a trabalhar muito cedo, como babá, entretanto, segue seus estudos. Em 1946 começa a cursar o ginásio na Escola Técnica Rivadávia Corrêa. Em 1954, conclui o científico no Colégio Pedro II. Em 1958 se torna bacharel em história e geografia pela Universidade Nacional da Guanabara, atual UERJ, onde também se forma em filosofia, no ano de 1962. Faz estudos na área da psicanálise, estudos pós-graduados em antropologia e atua como pesquisadora na PUC entre 1978 e 1994.
Em 1964, casa-se com Luiz Carlos Gonzalez, de origem europeia. O matrimônio padece do peso do racismo, já que Lélia sofre a rejeição da família do marido, que admitia o relacionamento entre brancos e negros, desde que não fosse consolidado em casamento. No ano de 1965, Lélia Gonzalez fica viúva, Luiz Carlos Gonzalez comete suicídio.
Profissionalmente, Gonzalez exerce a docência, tanto em instituições públicas, como também em instituições privadas. Leciona em todos os níveis, básico, médio e universitário, (todos eles no Rio de Janeiro) e chefia departamentos de sociologia e política em universidades.
Lélia Gonzalez presencia o golpe militar no Brasil, em 1964, e sua produção filosófica está inserida em um contexto geopolítico de lutas e enfrentamentos nacionais e internacionais. No Brasil e em diversos países da América Latina, há lutas a favor da democracia; nos Estados Unidos, grandes movimentos de reivindicação de igualdade racial; nos países africanos há lutas por independência. Confrontos com ditaduras militares, movimentos por redemocratização, lutas pelos direitos dos negros e lutas por direitos das mulheres percorrem a vida da filósofa e, de certa forma, justificam seu papel de intelectual e ativista. Gonzalez reflete sob as formas de dominação e, em contrapartida, busca expor e, ao mesmo tempo, construir formas de resistência. Ao longo de sua jornada, ajuda a fundar e/ou integra diversas instituições do campo social, do campo político e também do campo cultural, todas com viés de resistência, enfrentamento e reivindicação. Dentre elas, destacam-se: MNU (Movimento Negro Unificado); IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras); N’Zinga (Coletivo de Mulheres Negras); Militância Defesa da Mulher Negra; PT (Partido dos Trabalhadores); CNDM ( Conselho Nacional de Defesa da Mulher); Grêmio Recreativo de Arte Negra; Escola de Samba Zumbi dos Palmares; blocos afros e afoxés em Salvador e terreiro de Candomblé no Rio de Janeiro.
"Não invisibilizar, parar, ouvir, aprender com Lélia Gonzalez em toda a sua potência nos textos aqui reunidos na obra organizada por Flávia Rios e Márcia Lima é urgente. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano traz, através de um trabalho de fôlego, textos da intelectual negra e feminista e lacaniana e latina e política..."
Lélia Gonzalez nasce em uma família de poucos recursos financeiros, sua mãe teve dezoito filhos, sendo Gonzalez a décima sétima criança. A mãe, de origem indígena e o pai, de origem negra, trabalhavam para sustentar a família, a mãe como empregada doméstica e o pai como ferroviário.
Em 1942, a família muda-se para o Rio de Janeiro, indo morar na Favela do Pinto, localizada no bairro do Leblon. Tal mudança ocorre devido ao primogênito, Jaime de Almeida, ser jogador do Flamengo (renomado time de futebol do Rio de Janeiro).
Lélia Gonzalez começa a trabalhar muito cedo, como babá, entretanto, segue seus estudos. Em 1946 começa a cursar o ginásio na Escola Técnica Rivadávia Corrêa. Em 1954, conclui o científico no Colégio Pedro II. Em 1958 se torna bacharel em história e geografia pela Universidade Nacional da Guanabara, atual UERJ, onde também se forma em filosofia, no ano de 1962. Faz estudos na área da psicanálise, estudos pós-graduados em antropologia e atua como pesquisadora na PUC entre 1978 e 1994.
Em 1964, casa-se com Luiz Carlos Gonzalez, de origem europeia. O matrimônio padece do peso do racismo, já que Lélia sofre a rejeição da família do marido, que admitia o relacionamento entre brancos e negros, desde que não fosse consolidado em casamento. No ano de 1965, Lélia Gonzalez fica viúva, Luiz Carlos Gonzalez comete suicídio.
Profissionalmente, Gonzalez exerce a docência, tanto em instituições públicas, como também em instituições privadas. Leciona em todos os níveis, básico, médio e universitário, (todos eles no Rio de Janeiro) e chefia departamentos de sociologia e política em universidades.
Lélia Gonzalez presencia o golpe militar no Brasil, em 1964, e sua produção filosófica está inserida em um contexto geopolítico de lutas e enfrentamentos nacionais e internacionais. No Brasil e em diversos países da América Latina, há lutas a favor da democracia; nos Estados Unidos, grandes movimentos de reivindicação de igualdade racial; nos países africanos há lutas por independência. Confrontos com ditaduras militares, movimentos por redemocratização, lutas pelos direitos dos negros e lutas por direitos das mulheres percorrem a vida da filósofa e, de certa forma, justificam seu papel de intelectual e ativista. Gonzalez reflete sob as formas de dominação e, em contrapartida, busca expor e, ao mesmo tempo, construir formas de resistência. Ao longo de sua jornada, ajuda a fundar e/ou integra diversas instituições do campo social, do campo político e também do campo cultural, todas com viés de resistência, enfrentamento e reivindicação. Dentre elas, destacam-se: MNU (Movimento Negro Unificado); IPCN (Instituto de Pesquisa das Culturas Negras); N’Zinga (Coletivo de Mulheres Negras); Militância Defesa da Mulher Negra; PT (Partido dos Trabalhadores); CNDM ( Conselho Nacional de Defesa da Mulher); Grêmio Recreativo de Arte Negra; Escola de Samba Zumbi dos Palmares; blocos afros e afoxés em Salvador e terreiro de Candomblé no Rio de Janeiro.
RESENHA: Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos.
Por: Cauê Fraga Machado em https://www.scielo.br/j/mana/a/8dCkDDv4wgsRGP9YJv9dnsK/?lang=pt&format=pdf"Não invisibilizar, parar, ouvir, aprender com Lélia Gonzalez em toda a sua potência nos textos aqui reunidos na obra organizada por Flávia Rios e Márcia Lima é urgente. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano traz, através de um trabalho de fôlego, textos da intelectual negra e feminista e lacaniana e latina e política..."
Ler em PDF: https://mulherespaz.org.br/site/wp-content/uploads/2021/06/feminismo-afro-latino-americano.pdf
GONZALEZ, Lélia. 2020. Por um Feminismo Afro-Latino-Americano: Ensaios, Intervenções e Diálogos. Rio Janeiro: Zahar.
Comentários
Postar um comentário