Ah que saudades que tenho: Parafraseando meus oito anos de Casimiro de Abreu

Saudades da minha terra...

Que súbita ousadia é essa?
Este querer brincar de parafrasear
Os oito anos de Casimiro de Abreu.

Ah que saudades que tenho
De ouvir o galo cantar
Os cachorros anunciando o voo livre da Aurora
A meninada acordando de pé no chão
Dançando sobre o orvalho
Numa vida franciscana
Lá no noroeste paranaense
Eu menina peralta,
Sonhava os primeiros versos de ciranda
À sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais!

Saudades da aurora da minha vida!
Duma tarde chuvosa de verão
Meu uniforme escolar
Camiseta branca de algodão
Molhada e transparente
Meu corpo de menina moça
Os olhares daqueles rapazes
A pasta escolar colada ao peito
Escudo protetor
De repente , não mais que de repente
O Arco Íris, enquanto ainda chovia
Descalcei os congas azuis desbotados
Afundei meus pés na lama
Soltei a pasta que me acorrenta
Livre corri pela estrada
Embrenhei-me nos cafezais
E nunca mais parei aquela carreira
Seguimos vida afora
Eu e o Arco Íris
Brincando de esconde-esconde
Ora ele batendo cara, ora eu!


Meus Oito Anos

"Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência
Como perfumes a flor

O mar é um lago sereno
O céu um manto azulado
O mundo um sonho dourado
A vida um hino de amor

Oh! Dias da minha infância
Oh! Meu céu de primavera
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã

Em vez das mágoas de agora
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijo de minha irmã"


Casimiro De Abreu / Silvino Neto



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